terça-feira, 14 de junho de 2011

há de ser bonito, finito, sereno, perene, efêmero...

  
seus braços fortes a envolviam e a esquentavam como sempre. o conforto seria a consequência natural, não fosse uma súbita lágrima, uma intuição... de que aquele efêmero momento um dia seria apenas uma lembrança.
deixou aquela intrusa molhar seu rosto em silêncio e a escondeu no quarto mais escuro de seu interior imerso em contradições, enquanto mergulhava na força e calor daqueles braços que tanto amava. fechou os olhos. esqueceu-se do passado e do futuro. viveu uma eternidade em cada segundo. tornou-se toda aquele momento. misturou-se ao eterno. e desejou não acordar daquele sonho.
mal sabia que aquela gota ali semeada tornaria-se, hoje, um mar... e agora, tudo que mais deseja é deixar de ser presente. é ser passado. ou futuro. pois não há lembrança ou esperança capaz de resgatá-la desse tapete infinito de águas salgadas. e nem as palavras, seu ópio preferido, dão agora conta de formar uma pequena ilha que seja, o suficiente para descansar por alguns dias.
atravessar todo esse mar a nado talvez lhe traga braços tão fortes como aqueles nos quais um dia repousou todo seu ser. braços fortes o suficiente para carregarem todo o peso das memórias que hão de acompanhá-la quando voltar à terra.

3 comentários:

  1. LIndo demais, só vc nega nesta dor que sente pode fazer das palavras tão cinceras e lindas....
    Te amuu !!!

    De sua eterna amiga Cris

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  2. Rê, escrever assim é até contraditório não é?! pq escrever assim, buscando a profundidade das palavras, buscando os pedaços de uma história que só a dor faz brotar com tamanha sinceridade.
    É como se a alma nua se transformace num grande dicionário que precisa expulsar de sí palavras tão intensas, regadas de doses dos sentimentos mais escancarados.
    Trazemos a tona um misto de desejos e fantasias, mas que certamente é o que melhor vai combinar com o papel.
    Eu amei seu post. Expulse de sí sempre esse seu dicionário maravilhoso de palavras com tantas intensidades. Beijo.

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  3. Ela coloca em palavras a decepção dela em ter perdido algo que seria o seu porto seguro e que a cada lágrima se tornava uma possível onda até estar deliberadamente em um oceano imenso, sozinha e sem bóia....mas....ela usa seus braços para chegar até a margem e talvez se sentir melhor, quando se pôs ao mar! Terá de ir até a margem sozinha... sempre pode haver alguém na margem a esperando...

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