segunda-feira, 26 de outubro de 2009

piano na luz



- Você conhece a Pinacoteca?
- Não...
- E aí? Vamos lá?
- Bora!

Dessa vez as barrigas estavam cheias de comida vegetariana, minha companhia era o Phill, e as mãos estavam vazias, porque meu fim de mês chegou antes do previsto e ele veio com o suficiente para 3 dias. Mas eu não sou tão boa guia assim como pode parecer... Do contrário, saberia que a Pinacoteca e o Museu da Língua Portuguesa estavam fechados hoje... Mas, oras, é São Paulo! Coisa para fazer e lugar para ir é que não faltam!
- Olha! Essa é a Estação da Luz... Vamos ao Bom Retiro?
- Quero entrar na estação...
- Ah... ok.
Ao me aproximar da entrada, ouvi um piano... Reconheci a canção: Imagine. "Ah que massa! Recitalzinho no meio da Estação da Luz... Amo essa cidade! Cheia de eventos culturais!" Ao me aproximar, tentei desvendar a cena: uma menina, sentada ao piano, parecia experimentar as teclas pela primeira vez na vida; ao seu lado, em pé, um rapaz parecia guiá-la, mas também não demonstrava muita intimidade com o instrumento; ao redor, rapazes cujas aparências, assim como o rapaz ao lado da menina, me faziam deduzir serem trabalhadores de obras de construção civil, ou até mesmo, alguns, moradores de rua. "Ah... que engraçado...! Um piano assim, no meio da estação, sem dono... deve ser mesmo o propósito: deixar as pessoas que passam por aqui experimentarem o instrumento... que ideia interessante! Mas que engraçado... pensei ter ouvido 'Imagine'..."
- Bom, é só isso por aqui... Vê aquele prédio? É a antiga Estação Júlio Prestes; agora é a Sala São Paulo... Vamos voltar por onde entramos pra irmos aos Bom Retiro?
O grupo continuava lá, ao redor do piano; mas, ao me aproximar, ouvi claramente... dessa vez não era impressão, tinha certeza! Alguém executava com certa habilidade uma canção que não pude identificar, e... Oh! [segundos de estranhamento] Quem era esse alguém?! O rapaz de aparência "simples" que parecia guiar a menina! Os amigos, em volta, (sim, agiam como conhecidos) demostravam interesse, e pediam: "Toque 'tal'..." (Não entendi o que pediam... claro! Eu estava no meio da Estação da Luz! Como distinguir alguma fala?!)
O corpo ia, os olhos ficavam... Torci meu pescoço até o limite; o Phill anda muito rápido...
"Talves ele seja tecladista de sua igreja..." - Há! Como sou limitada!

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

a menina suja



- Você já subiu na torre do Banespa?
- Não...
- Ah... ótimo! Vamos?
- Agora!

Com a barriga cheia de baião de dois, as mãos de sacolas de livros de sebo, e a cabeça das histórias da viagem do Fábio à Machu Pichu, essa foi a menos cansativa opção que achamos pra preenchermos o restindo de nossa tarde de andação pelo centro de São Paulo. Eu, como sempre, estreando alguém nesse ponto turístico da cidade.
Já na fila em frente ao corredor dos elevadores, após apresentarmos documentos e guardarmos a sacolaiada, me peguei tentando desvendar se aquela pessoa, também visitante, agora no balcão, era do sexo feminino ou masculino. Era uma pessoa magra; cabelo pelo meio das costas, claro, liso, entradas raspasdas e extremamente sujo; calça preta, bailarina daquelas de coton, não de lycra, bem surrada; camiseta preta, de guerra, com alguns furos; allstar vermelho no fim da vida; na orelha, um pedaço de madeira de uns 10cm de comprimento e 1 de diâmetro fazendo o papel de alargador. Me senti à vontade para observá-la por instantes, já que as costas do Fabiano me abraçando davam conta de esconder a direção do meu olhar. Meu questionamento cessou ao ver a figura de frente... Tinha belos traços: olhos grandes e verdes e pele bem clara. Em milésimos de segundo a imaginei limpa e "melhor vestida"... Teria quase pinta de modelo.
- Só vocês três? É... parece que sim.
A segurança fechou a porta do primeiro elevador e subimos quase em silêncio...
- Ah... se somos só nós três, tomara que nos deixem ficar uns minutinhos a mais... rs. - Disse quase cochichando a ele.
No próximo elevador o silêncio permaneceu; mas o espaço mais apertado que o anterior me fez ficar ainda mais perto dela e... "esse cheiro é impressão minha... ilusão por causa da imagem..." Na sala onde esperamos a autorização para subir, sentei; Fabiano e a moça gastaram esses minutos olhando as fotos que contam a história do edifício. Sentada, discretamente a olhava de vez em quando; tinha trejeitos delicados, movimentos suaves, seria provavelmente dessas pessoas que a fala me põe pra dormir (não pelo tédio, mas pelo conforto e suavidade). Alguns que desceram da turma anterior e esperavam o restante a olhavam de cima a baixo; meninas limpinhas e arrumadinhas - os olhos não escondiam o estranhamento/reprovação.
- Ah, são só vocês? Só um instante que os últimos já estão vindo...
Ao subirmos, puxei Fabiano imediatamente para a direção leste:
- Vou te provar como dá pra ver minha casa! Hahaha... Veja, ali está a estação Pedro II do metrô... agora siga a linha do metrô! Hahaha...
- Ah sim, claro! Sua casa está logo ali... hahaha
Por instantes ele se absorveu na paisagem nublada e poluída da cidade.
- Preciso de um binóculo! Aí sim veremos minha casa... haha... Me lembro de ter visto um aqui em algum lugar da última vez...
Deixei-o absorto e virei-me para procurar o tal binóculo contornando a torre. Dei de cara com ela. Nesse instante senti-me paralisada por alguns milésimos de segundos... Ela me sorria. Um sorriso verdadeiramente simpático, com dentes e olhos (e que belos dentes da guria!)... Como quem sorri a um vizinho apesar de desconhecido, querido. Sorria de um jeito que não se sorri a estranhos. Sorria de um jeito que não se sorri em uma megalópole onde o cotidiano é ditado pelo horário comercial, e as relações pelo medo do "perigoso desconhecido".
Por mais vivo que este momento tenha ficado em minha mente, não consigo me lembrar se eu correspondi ao sorriso ou não...

- Já dei a volta ou você mudou de lugar? Hahaha...
- Você já deu a volta tontinha... hahaha
- Pessoal, vamos? Deu o tempo.
Ao fim da escada, na sala de espera, ouvi comentários das seguranças que perfeitamente se encaixariam caso estivessem comentando sobre a menina... Mas não ouvi o suficiente para tal afirmação. Então preferi não fazê-la nem mesmo a mim.
Descemos quase como subimos, a não ser por alguns comentários que fazíamos, eu e Fabiano, entre nós.
No balcão da recepção, pegando nossas tralhas, a vi seguir para a direita, onde mais de uma dezena de hippies artesãos tomavam a rua. "Ah sim... óbvio! Deve estar com eles..." Pensamento que não durou mais que segundos... "Dã! Quem te garante?! Você não viu o suficiente..." E minha conciência tinha razão. Pegamos nossas coisas, saímos do prédio e viramos à esquerda.
Não a vi mais. E absolutamente nenhum comentário foi tecido a respeito da moça.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

so funny!



A língua inglesa pode ser tão engraçada ás vezes... exemplo:

"Hey kids, stop kidding!"

huahuahua...

aiai...