terça-feira, 14 de junho de 2011

há de ser bonito, finito, sereno, perene, efêmero...

  
seus braços fortes a envolviam e a esquentavam como sempre. o conforto seria a consequência natural, não fosse uma súbita lágrima, uma intuição... de que aquele efêmero momento um dia seria apenas uma lembrança.
deixou aquela intrusa molhar seu rosto em silêncio e a escondeu no quarto mais escuro de seu interior imerso em contradições, enquanto mergulhava na força e calor daqueles braços que tanto amava. fechou os olhos. esqueceu-se do passado e do futuro. viveu uma eternidade em cada segundo. tornou-se toda aquele momento. misturou-se ao eterno. e desejou não acordar daquele sonho.
mal sabia que aquela gota ali semeada tornaria-se, hoje, um mar... e agora, tudo que mais deseja é deixar de ser presente. é ser passado. ou futuro. pois não há lembrança ou esperança capaz de resgatá-la desse tapete infinito de águas salgadas. e nem as palavras, seu ópio preferido, dão agora conta de formar uma pequena ilha que seja, o suficiente para descansar por alguns dias.
atravessar todo esse mar a nado talvez lhe traga braços tão fortes como aqueles nos quais um dia repousou todo seu ser. braços fortes o suficiente para carregarem todo o peso das memórias que hão de acompanhá-la quando voltar à terra.